segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Ainda dá tempo... porque faz parte


Está certo que, enviar mensagens de Feliz Natal, Feliz Ano Novo e sei mais lá o que, seja de bom tom, isto até eu concordo... Mas, fazer isto por obrigação é péssimo, porque já não seria sincero faze-lo de livre arbítrio, já que a minha disponibilidade é limitada...
Estas datas são puramente comerciais, mesmo porque dizer "feliz ano novo" depois da data propriamente dita, pode ser dita o mês inteiro de janeiro,sem vergonha ou medo de cometer gafes.
Eu posso jurar que há pessoas que, se você não desejar as tais felicitações mudam de comportamento ou de atitude para com você... eu nem me importo se não receber cartões ou mensagens, pois isto depende de cada um, sei lá eu como é o dia a dia das pessoas, eu não convivo com elas para saber de suas disponibilidades, suas vontades, seu humor enfim... é complicado.
Mas, quero me dirigir à você que não recebeu minha mensagem ou cartão de Boas Festas, saiba que, tudo é uma questão de momento, hoje e agora, quero dizer à você:
"Que seus dias de Ano Novo sejam muito Felizes!"
Sinceramente, verdadeiramente, sem frescuras, ainda dá tempo, isto faz parte da amizade.

by Dora Saunier ©2010

sábado, 2 de janeiro de 2010

A vida caminha a passos largos...




A vida caminha a passos largos...
Sem esperar por ninguém, ela passa sorrateira sem que percebamos sua velocidade máxima...
E isso é terrível, porque o corpo envelhece, sim a pele perde a elasticidade, o brilho e então ficamos enlouquecidos tentando remediar o que remediado está.
A marca da idade fica em evidencia, perceptível a olho nú. Nada podemos fazer para voltar a ser com antes, lisinhos e jovens.
Eu não me queixo, a vida é boa mesmo assim, eu ainda a enxergo quase que com os mesmos olhos de antes.
Só noto a grande diferença quando me olho no espelho, pois ele é implacável e não mente para nos deixar mais felizes.
E você não sabia que a mente também envelhece?
Sim porque vamos ficando esquecidos, a nossa grande bússola mental já não trabalha mais como antes...
Ficar desmemoriado ninguém merece, concorda?
Confesso que muitas vezes me escondi atrás de mim mesma, com a sensação de que alguém pudesse me descobrir e me dar a mão...
Que nada, ninguém te nota e se você for inteligente, não perde tempo e trata de sair e viver a vida plenamente, como ela é, cheia de altos e baixos...

Sonhos todos nós temos, e não paramos de sonhar, dormindo ou acordados, sempre floreamos os lindos sonhos que pensamos ser coloridos, mas qual o que, ele é mesmo em preto e branco, sem contar que as cores só existem na vida real e em alguns momentos as cores desaparecem para dar lugar à escuridão, que também é uma cor não tão definida, uns a chamam de cinza outras de preto.
De todas as coisas que experimentei ao longo da minha vida algum proveito eu tirei, me arrependi de algumas, outras tentei mudar e outras tantas expulsei definitivamente, para ser uma pessoa melhor e seguir adiante sem culpas ou remorsos.
O tempo só me faz ver que viver vale a pena e saber viver, vale muito mais.
Não gosto de viver testanto os meus limites, prefiro deixar isso pra uma ocasião em que tiver que pôr em prática os meus nervos de aço - nem sei se os tenho.
O amanhã é outro dia, por isso prefiro pensar em viver bem o dia de hoje, intensamente cada segundo, mesmo que seja de pernas pro ar, ou lendo um livro, ouvindo música ou rabiscando palavras que se transformarão em textos, poesias ou pensamentos, quiça em rabiscos somente.
E então, o que é a Vida? Horas? Minutos ou Segundos? Anos, Dias e Meses?
Talvez nem precisássemos contar o tempo para saber e ter certeza de que estamos vivos e o que é melhor, vivendo nossos sonhos coloridos como num conto de fadas, em um bosque encantado, sem guerra, miséria ou dor.
E como não pode ser assim como gostaríamos que fosse, o melhor é seguir a vida em seus passos largos sem fim.

~Dora Saunier © 2010 02.01.2010 - 01:42PM

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Tudo de bom hoje e sempre!


Feliz Ano Novo!
por Frei Betto


Quero um Ano-Novo em que todas as crianças, ao ligarem a tevê, recebam um banho de Mozart, Pixinguinha e Noel Rosa; aprendam a diferença entre impressionistas e expressionistas; vejam espetáculos que reconstituem a Balaiada, a Confederação do Equador e a Guerra dos Emboabas; e durmam após fazer suas orações.
Desejo um Ano-Novo em que, no campo, todos tenham seu pedaço de terra, onde vicejem laranjas e alfaces e voejem bem-te-vis entre vacas leiteiras. Na cidade, um teto sob o qual reluz o fogão de panelas cheias, a sala atapetada por remendos coloridos, a foto colorida do casal exposta em moldura oval sobre o sofá. Espero um Ano-Novo em que as igrejas abram portas ao silêncio do coração, o órgão sussurre o cantar dos anjos, a Bíblia seja repartida como pão. A fé, de mãos dadas com a justiça, faça com que o céu deixe de concentrar o olhar daqueles aos quais é negada a felicidade nesta terra.
Um Feliz Ano-Novo com casais ociosos na arte de amar, o lar recendendo a perfume, os filhos contemplando o rosto apaixonado dos pais, a família tão entretida no diálogo que nem se dá conta de que o televisor é um aparelho mudo e cego num canto da sala. Desejo um Ano-Novo em que os sonhos libertários sejam tão fortes que os jovens, com o coração a pulsar ideais, não recorram à química das drogas, não temam o futuro nem se expressem em dialetos ininteligíveis. Sejam, todos eles, viciados em utopia.
Espero um Ano-Novo em que cada um de nós evite alfinetar rancores nas dobras do coração e lave as paredes da memória de iras e mágoas; não aposte corrida com o tempo nem marque a velocidade da vida pelos batimentos cardíacos.
Um Ano-Novo para saborear a brevidade da existência como se ela fosse perene, em companhia de ourives de encantos, cujos hábeis dedos incrustam na rotina dos dias jóias ternas e eternas.
Quero um Ano-Novo em que, a cada um, seja assegurado o direito do emprego, a honra do salário digno, as condições humanas de trabalho, as potencialidades da profissão e a alegria da vocação.
Um novo ano capaz de saciar a nossa fome de pão e de beleza.
Rogo por um Ano-Novo em que a polícia seja conhecida pelas vidas que protege e não pelos assassinatos que comete; os presos reeducados para a vida social; e que os pobres logrem repor nos olhos da Justiça a tarja da cegueira que lhe imprime isenção.
Um Ano-Novo sem políticos mentirosos, autoridades arrogantes, funcionários corruptos, bajuladores de toda espécie. Livre de arroubos infantis, seja a política a multiplicação dos pães sem milagres, dever de uns e direito de todos.
Espero um Ano-Novo em que as cidades voltem a ter praças arborizadas; as praças, bancos acolhedores; os bancos, cidadãos entregues ao sadio ócio de contemplar a Natureza, ouvir no silêncio a voz de Deus e festejar com os amigos as minudências da vida – um leque de memórias, um jogo de cartas, o riso aberto por aquele que se destaca como o melhor contador de piadas.
Desejo um Ano-Novo em que o líder dos direitos humanos não humilhe a mulher em casa; a professora de cidadania não atire papel no chão; as crianças cedam o lugar aos mais velhos; e a distância entre o público e o privado seja encurtada pela ponte da coerência.
Quero um Ano-Novo de livros saboreados como pipoca, o corpo menos entupido de gorduras, a mente livre do estresse, o espírito matriculado num corpo de baile, ao som dos mistérios mais profundos. Desejo um Ano-Novo em que o governo coloque o país nos eixos, livre a população do pesado tributo da degradação social, e tome no colo milhões de crianças precocemente condenadas ao trabalho, sem outra fantasia senão o medo da morte.
Espero um Ano-Novo cujo principal evento seja a inauguração do Salão da Pessoa, onde se apresentem alternativas para que nunca mais um ser humano se sinta ameaçado pela miséria ou privado de pão, paz e prazer. Um Ano-Novo em que a competitividade ceda lugar à solidariedade; a acumulação à partilha; a ambição à meditação; a agressão ao respeito; a idolatria ao dinheiro ao espírito das Bem-Aventuranças.
Aspiro a um Ano-Novo de pássaros orquestrados pela aurora, rios desnudados pela transparência das águas, pulmões exultantes de ar puro e mesa farta de alimentos despoluídos.
Rogo por um Ano-Novo que jamais fique velho, assim como os carvalhos que nos dão sombra, a filosofia dos gregos, a luz do Sol, a sabedoria de Jó, o esplendor das montanhas de Minas, a música gregoriana. Um ano tão novo que traga a impressão de que tudo renasce: o dia, a exuberância do mar, a esperança e nossa capacidade de amar.
Exceto o que no passado nos fez menos belos e bons.

Tudo de bom hoje e sempre!
É o que desejo à você neste 1º dia do Ano Novo.
Aho!
Dora Saunier